Dia 87 Junior “Cigano” dos Santos

Posted by Gabriel Orcioli on março 13, 2019 in Meditações Diárias | No comments

Junior “Cigano” dos Santos

Eu sou um cara de muita sorte. Sou um cara muito abençoado por Deus. AS cosias acontecem na minha vida de uma forma sempre boas. É incrível como as pessoas acabam sempre me ajudando a evoluir. Acredito que ninguém vai a lugar nenhum sozinho.

Com 18 anos, fui morar com um amigo da família. Eu venho de uma família pobre como a maioria dos brasileiros então a minha mãe muito batalhadora, ela é faxineira. Nosso pai não morava com a gente. Ele sempre trabalhou muito para cuidar dos 3 filhos que ela tinha. Eu era o amis velho e sempre tentei ajudar da melhor forma.

Com 10 anos já vendia picolé, tentando ajudar de alguma forma e sempre tive um dinheirinho pra poder levar a vida. E eu por mais que trabalhasse eu não via as coisas acontecendo. Pra mim não era o suficiente porque mesmo que eu olhasse para o lado e visse alguém bem sucedido como um amigo do bairro meu, ele era chefe de um setor de uma empresa.

Pra mim era, nossa, se eu me dedicar muito estudar, e trabalhar demais eu vou ser o chefe do setor? Não gostei muito da Ideia. Então comecei a procurar novas alternativas.

Eu já tinha decidido que eu queria buscar por algo maior.

Eu tinha um amigo indo para salvador e me convidou para ir com ele, eu resolvi ir. Eu cheguei com 80,00 reais na carteira. Eu não tinha nada. Em uma cidade grande com 80,00 reais você não faz nada. Então eu comecei a trabalhar no outro dia, lavando prato em uma churrascaria e foi assim, com muita luta que fui crescendo e me reestruturando. Não foi fácil mas comecei devagar sabendo exatamente o que eu queria e o que teria que fazer para realizar esse objetivo. 

Eu encontrei o MMA, o esporte assim muito tarde. Eu já tinha 21 anos. A intenção não era treinar Jiu-Jitsu. Eu estava gordo e fui procurar uma academia pra malhar, me exercitar.

Nessa academia tinha as aulas e eu fui e conversei com o professor perguntando o que eu precisava para treinar. Ele falou para arrumar um kimono e vem. Foi ali que começou. Isso foi em abrir de 2005. Foi quando passei a treinar e foi quando passei a me imaginar como lutador.

Sempre me dediquei bastante. Eu aprendo rápido as coisas. Foi uma das coisas que me ajudou bastante porque o meu professor falou que eu leva-la jeito pra coisa porque eu aprendia rápido. Eu não tinha técnica nenhuma mas eu tinha força e vontade, porque na minha juventude sempre trabalhei com coisas pesadas como pedreiro, departamento de cargas, essas coisas. Eu era forte e eu podia ajudar mesmo sem ter muita técnica, podia ajudar os colegas de treino e tudo o mais.

Tudo isso me trouxe um aprendizado grande e de repente comecei a sonhar em um dia ser um Minotauro da vida, um Vandelei Silva. Eu sou um bom sonhador e eu ia longe em meus sonhos. E isso, foi me transformando nesse lutador que sou hoje.

Meu professor foi e é uma pessoa até hoje, muito importante pra mim. Minha ex esposa, que fiquei com ela por quase 10 anos, ela me perguntou se eu acreditava em meu sonho e se eu acreditava que eu podia fazer acontecer como lutador. Eu falei que acreditava. Um ano e meio depois eu comecei a retribuir a confiança depositada em mim.

Comecei a lutar e a ter a minha independência novamente, graças a Deus. Aos poucos as coisas foram acontecendo de uma forma boa e aí nasceu o cigano como vocês conhecem.

Eu treinava a mais ou menos um ano e meio, e meu professor me disse que estava na hora de me testar em uma luta. Eu fiquei surpreso e se ele estava falando que eu estava pronto, então estava na hora.

Fiz um treinamento com ele. Ele era mais do Jiu-Jitsu mas como ele era lutador de MMA também, ele tinha uma noção de tudo e ele foi me ensinando o que ele pode. Aprendi também muita coisa com os colegas da academia e fui para a minha primeira luta.

Eu lembro que minha primeira luta fiz contra um cara que tinha 7 lutas ou seja, já tinha uma experiência. Um cara bastante forte, vinha da capoeira.

Eu lembro que fiquei muito nervoso. Foi uma sensação até estranha antes da luta, nos momentos que antecederam a luta e foi rápido. 3 minutos e alguma coisa. Eu joguei ele no chão. Eu falo que joguei porque não foi uma queda, foi uma coisa meio estranha. Eu peguei ele de alguma forma meio que jogando ele no chão, consegui acertar um chute na cabeça dele e ele foi a nocaute.

Eu venci minha primeira luta e foi incrível e eu quero sentir isso pelo resto de minha vida.

Aí teve uns eventos lá na Bahia, eventos locais. Inclusive foi um evento chamado Minotauro Fight e ele foi no evento e eu estava lá todo emocionado por poder estar perto desse meu ídolo no esporte. Consegui conversar com ele rapidamente e eu tinha o cabeço comprido, e ele me reconheceu mais facilmente por causa disso.

Um dia meu professor que era amigo do Minotauro, um dia me ligou dizendo que o Minotauro estava com ele e pedindo pra mim ir até eles. Eu simplesmente não acreditei quando recebi a ligação para dar uma força e ajudar o Minotauro no treino. Eu peguei minhas coisas e sai correndo pra academia.

Cheguei lá, eles estavam lá, ambos os irmãos que é o Minotauro e o Minotouro. A minha técnica era muito limitada porque eu estava no início de tudo e mas mesmo assim eu tinha força.

Comecei a treinar no Rio de Janeiro. Assim eu ajudava eles e aprendia também porque o nível dos caras era muito maior que o meu. Eles eram os melhores do mundo e isso me trouxe um aprendizado muito grande e me fez evoluir.

Aí as lutas foram acontecendo, tanto que eu fiz parte do time deles. Eles foram pessoas muito importantes na construção do Cigano e continuo sendo.

Continue a lutar muitas lutas, comecei a subir no ranking na minha categoria até que finalmente recebi o convite para lugar contra o melhor do mundo em minha categoria. Acabei me machucando e não pude treinar por um tempo e isso me incomodava muito porque eu sabia que iria enfrentar o melhor do mundo que na época era o Cain Velasquez e não estava treinando.

Minha mente durante as fisioterapias e durante os dias colocava muita pressão em mim. Eu sabia que eu tinha que estar muito bem mas não estava treinando. Então você pode imaginar o quanto de pressão que passei nesses momentos.

Esse foi um momento que psicologicamente foi muito difícil pra mim. De qualquer forma, consegui me recuperar, treinei no tempo que me sobrou depois da recuperação e fui pra luta.

Fui pra luta e em menos de 1 minuto ele me deu 7 chutes na perna ou seja, parecia que ele sabia que minha perna estava machucada. Então eu conectei um bom golpe, ele caiu, eu aproveite a oportunidade da situação e venci a luta.

Eu não sei explicar em palavras a sensação que eu tive. Foi como se tirasse um trem de cima de mim e uma alegria imensa, foi incrível realmente. Nossa eu era o número 1 do mundo, entendeu?

Mesmo com tudo o que aconteceu, eu tinha me tornado o campeão do mundo, foi e ainda é maravilhoso pra mim. Me lembro de tudo o que aconteceu, me trouxe oportunidades e ainda trás.

Palavras finais homem superior:

O que você achou da história de Cigano?

Ele passou por muitos altos e baixos e de todos as pessoas que são lutadores, ele foi um dos poucos que conseguiu tal proeza. Muitas vezes nos focamos apenas em ser campeão, em ter bons resultados e nos esquecemos que resultados importam mas vivemos em um mundo de seres humanos onde não existe lugar para todos serem bem sucedidos.

Por isso focar no processo e na criação de uma base sólida é muito importante.

Cigano enfrentou muitas dificuldades para chegar onde chegou e as oportunidades seriam melhores se o sistema não fosse o que é hoje. Vou deixar aqui pra você a luta em que Cigano foi campeão. Bom vídeo.