Posted by Gabriel Orcioli on março 30, 2019 in Meditações Diárias | No comments
O que é raiva?
A raiva é uma sensação composta de 3 componentes que
interagem um com o outro (pensamento avaliativo, mudanças físicas e
comportamento de raiva) que ocorre frente a um acontecimento
desencadeador. Estes 3 componentes são capazes de influenciar um ao outro
aumentando a intensidade da sensação. Pensamento avaliativo quer dizer o modo
como interpretamos uma situação e acontecimento desencadeador se refere a algum
evento externo, ou seja uma provocação. Comportamento de raiva quer dizer o que
a pessoa faz quando está na situação que lhe dá raiva.
No exemplo a seguir pode se verificar a interação dos 3
componentes da raiva.
Exemplo: se o marido deixa de fazer o que a mulher espera (a
provocação) , ela pode ter um pensamento avaliativo do tipo “ele nunca faz
o que quero, droga, ele não presta mesmo!” Neste momento, o
corpo reage e mudanças físicas ocorrem, o coração bate muito rápido, os
músculos ficam tensos, a respiração fica ofegante e uma sensação de sufoco
ocorre”. Ao notar essas reações físicas a esposa pode ter outro pensamento
avaliativo “Puxa,
ele me dá uma raiva!” O cérebro imediatamente percebe essas
reações, aumenta a raiva e deslancha o comportamento de raiva, que pode ser
brigar, gritar, ir embora, ficar calada etc. Este comportamento de raiva, por
outro lado, tem o poder de aumentar mais ainda a raiva que a pessoa já sentia.
O que a esposa sente fica cada vez mais intenso
emocionalmente, fazendo com que a esposa escale em suas reações.
Outro exemplo, se alguém nos faz uma injustiça (a
provocação), podemos avaliar o que ocorreu pensando “que desaforo, não posso deixar isto
acontecer”. Neste momento, nosso corpo vai reagir com aceleração
das batidas do coração, com tensão muscular, a respiração fica ofegante e
sensação de sufoco que faz aumentar a raiva. ÀS VEZES, A RAIVA VAI CRESCENDO
CADA FEZ MAIS DENTRO DA PESSOA ATÉ POR HORAS. NESTES CASOS FICA DIFICIL PARAR A
RAVIA QUE JÁ CRESCEU MUITO. Seguir, é provável que façamos algo para demonstrar
que estamos com raiva, as vezes até maior do que a situação merecia.
Resumindo, o processo da raiva ocorre do seguinte modo:
Algo acontece na vida da pessoa:
1.
Ela
interpreta o que ocorreu como uma afronta, ameaça ou injustiça
pessoal (pensamento avaliativo)
2.
O
funcionamento do seu corpo sofre mudanças: o coração bate rápido, os músculos
ficam tensos e há a sensação de sufoco;
3.
O
comportamento agressivo ocorre (ou raiva para dentro ou para fora), onde
ocorrerá a intensificação emocional, podendo estar ou não de acordo com a
situação.
Tenho
o direito de ter raiva?
Todo mundo tem o direito de sentir. Raiva é um sentimento,
portanto temos o direito de sentir raiva. Não é errado sentir raiva, o que pode
ser errado é o modo como a expressamos, o que fazermos com ela, principalmente
quando exageramos. Não é necessário ter culpa por se sentir com raiva, mas
reconheça que ela só é válida se estiver ajudando a pessoa a resolver o
problema ou quando for uma situação onde colocar a raiva pra fora está de
acordo com a situação.
Sempre pergunte a si mesmo se sua raiva está dentro do
razoável e se você está sabendo fazer uso dela. Raiva dá energia e vigor e
portanto pode ser útil para nos proteger de injustiças e abusos, porem ela deve
ser mantida sob controle sempre que possível. A raiva passa a ser um problema quando
ela é frequente demais, intensa demais, quando dura muito, quando leva a
agressão e violência e quando interfere nas relações interpessoais de forma
danosa.
Por
que se preocupar com a raiva?
Existem pessoas que sentem raiva com muita facilidade, que
estão sempre sob o domínio deste sentimento. Suas ações, muitas vezes, fogem do
seu controle. As consequências são graves para a sua saúde e se manifestam em
termos de hipertensão, úlceras, depressão, obesidade, perda de emprego, abuso
físico ou psicológico de familiares e amigos. A consequência inevitável disto é
uma auto estima prejudicada, relações interpessoais tumultuadas e um alto nível
de stress emocional. Quando a interpretação que se dá a algo que ocorreu em
nossa vida ultrapassa a ameaça, a injustiça ou a afronta, então, a raiva fica
desproporcional e intensa.
A fim de evitar estas consequências e garantir à pessoa
propensa à raiva uma vida de melhor qualidade e com um menor nível de stress,
necessário se torna aprender estratégias que a ajudem sentir menos raiva e usar
a raiva, que não possa ser eliminada, como força de energia positiva.
Estratégias
rápidas e simples para lidar com a raiva
1.
Reconheça
que está com raiva;
2.
Aprenda
a reconhecer os eventos desencadeadores da raiva em você;
3.
Aprenda
a reconhecer os 3 componentes da raiva: avaliação, reações físicas e
comportamento de raiva;
4.
Entenda
que algo só se torna um “evento desencadeador” (uma provocação) pela
interpretação que você dá a ele;
5.
Entenda
que as reações físicas da raiva tem o poder de aumentá-la;
6.
Compreenda
que o comportamento de raiva é o último a ocorrer e que portanto dá tempo de
controlar seu comportamento de raiva;
7.
Sempre
tente quebrar o processo de reação da raiva na sua fase inicial, isto é,
verifique se o seu modo de avaliar a situação desencadeadora da raiva (aquilo
que você acha uma provocação) pode ser mudado. Para tal mude o seu diálogo
interno, o modo como fala consigo mesmo;
8.
Quando
perceber que a raiva está caminhando para as reações físicas, que seu coração
já começou a bater muito rápido, que seu corpo e mente estão ficando tensos,
que está desenvolvendo uma sensação de sufoco, tente relaxar para ver se
elimina essas reações. Experimente dizer para si mesmo:
“Cal… ma, cal …ma”,
“preciso tomar cuidado para não deixar a raiva
correr todo o seu processo”,
“vai ver que minha visão do que ocorreu pode
ser aliviada: a respiração fica ofegante”,
“vou deixar para reagir amanhã, quando tiver
avaliado a situação sem raiva”.
“Sempre posso reagir amanha se quiser”.
“Não vou correr o risco de ficar doente por
causa da minha raiva”.
“Estou aborrecido, mas isto não é fim do
mundo”.
”Quem mantém a calma mantém o controle”.
“Posso assumir o controle das minhas emoções”.
9.
Ao
mesmo tempo que vai dialogando consigo mesmo, respire profundamente pelo nariz
e expire devagarzinho pela boca;
10.
Tente
encontrar modos construtivos de uso da raiva, por exemplo, faça ginástica,
caminhe, dance, cante, ria, seja positivo, converse sobre ela.
11.
Quando
já estiver em controle da sua raiva, tente resolver a situação que o fez ficar
tão aborrecido.
Irei falar mais sobre raiva, vingança, ódio, nos próximos
textos
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