quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Dia 9 | A vida é o que é


A coisa com a vida é que não é sempre fácil, e você não pode sempre ganhar. Alguma hora da sua vida, acerta você. Acerta você realmente forte. Pode ser sua namorada terminar com você, quem sabe a pessoa que você ama não ama você também, você é demitido, você perde algum membro da família, quem sabe se envolve em uma situação que não deveria se envolver, fica viciado, quem sabe comete algo horrível e prejudicial ou quem sabe é atingido por várias coisas de uma única vez.

Alguma hora da sua vida, você vai chegar no fundo do poço, justo quando você pensa que não pode ficar pior, acaba ficando pior. E você se acha sozinho, você não sabe o que fazer.

Novamente você está paralisado: Eu não sei o que fazer e não sei porque estou passando por isso?

E esse “porque?” pode realmente destruir você, assim que começa a se perguntar: Por que eu? Por que não os outros? Por que eu? Eu na verdade sou uma boa pessoa, não mereço isso, nunca fiz nada de ruim contra alguém, o que fiz de tão errado pra merecer tudo isso? Por que diabos aconteceu comigo?

Esse “porque?” é muito perigoso a ser feito, pois essa é a vida. A vida não é justa, a vida é dura principalmente quando você comete erros.

Talvez fique preso em um Loop onde se ache a vítima (e em muitos casos você é a vítima), ache que todo mundo erra e que todo erro é igual, talvez ache e sinta como se não tivesse feito nada de errado ou então acha que deveria fazer o que você fez sem mudar nada. Essa é a fase número 1 de alguém que entra no processo de sofrimento e dor ou seja, a negação.

A pessoa se acha boa demais para sofrer como vem sofrendo. Ela acha injusto que as pessoas se afastem. Ela não entende o que tem feito ou o que fez de errado, e mesmo que saiba o que fez, acha injusto as consequências. Não quer sofrer e naturalmente, acaba fazendo as pessoas próximas a elas sofrerem ainda mais. Passa a acreditar que “os verdadeiros ela sabem quem são”, quando na verdade foi através do erro dela que afastou as pessoas que a consideravam muito. Ela os culpa por se afastarem pois este em negação.

Muitas vezes a pessoa causa muito mal a outras pessoas, como se enfiasse uma faca nas costas das pessoas e ainda dissesse ou acreditasse que não tem nada de errado em ferir as pessoas dessa maneira. Ela acha que não está causando sofrimento a ninguém, quando na verdade está causando sofrimento a todos ao redor ou acredita que o sofrimento dela é muito maior e mais importante do que o de outra pessoa.

Isso nos leva a segunda fase que é o ódio e raiva. O ódio e raiva podem ser bem perigosos. Já vi pessoas fazerem ameaças e matarem por causa disso – principalmente quando não tem ajuda de profissionais.

Causar dor as pessoas ao redor pode levar a pessoa a se sentir culpada, e naturalmente entrar na terceira fase que é a depressão ou angustia profunda. A pessoa pode olhar para a situação e perceber que ela é o problema. Ela pode ver o que fez na fase 1 de negação e na fase 2 de ódio e raiva, e perceber que não deveria ter feito. Então ou irá dizer “foda-se tudo” e chutar o balde ou irá entrar em depressão.

A fase da depressão também é muito perigosa e faz com que muitas pessoas tirem a própria vida.

A dor e o sofrimento será muito forte. Em relação a dor somos programados a correr pra longe e fugir. No fundo do poço tudo o que irá pensar é em desistir. É muito doloroso. É muito sofrimento.

Em alguns casos irá ficar com muita raiva e irá querer jogar tudo pro alto. Em outros casos irá procurar uma saída sozinho, sem encontrar e então o pior acontece: você pensava que tinha chegado no fundo do poço mas não, então você vai ainda mais fundo.

Você não sabe o que está acontecendo, irá acreditar que o mundo é cruel ou que você não fez nada de errado para merecer. Em alguns casos irá estar no fundo do poço e irá ficar com muita raiva e irá dizer para o mundo e para todos “vocês que se fodam” ou “vou ficar sentado aqui e quero que o mundo se exploda”.

O problema em todas as decisões é que você não percebe que está tomando decisões emocionais com a tendência de eliminar a dor e o sofrimento o mais rápido possível. Você não percebe que o que está fazendo não é uma das melhores respostas. Então irá seguir dois caminhos:

1.     Fugir da dor e procurar soluções rápidas mesmo que prejudiciais
2.     Aliviar a dor com vícios como: sexo, drogas, álcool, vitimismo, raiva, ódio, violência, suicídio, entrar cada vez mais fundo na depressão.

Quando se está em um sofrimento tão grande, esse é o momento onde você está muito sensível e fraco emocionalmente. Você não pensa direito. A pressão é tão forte que você não consegue ser você mesmo. A dor é constante. E tudo o que faz parece que não dá certo ou não é a melhor decisão. Por tentar e não conseguir sua dor fica ainda mais pesada.

É normal que em momentos de dor ao tentar algo e não conseguir, acaba fazendo com que a pressão emocional fique ainda mais forte. É como dois tornados que se juntam formando uma ainda maior e mais devastador. Por isso tomar decisões importantes quando se está com muita dor pode ser muito prejudicial para quem não sabe o que está fazendo. Ou até sabe o que quer fazer mas não sabe ou está cego para ver que irá causar muito mais mal do que bem.

Sua vontade é sair o mais rápido possível da dor e o problema é que não existem saídas rápidas que não sejam prejudiciais. A saída que você precisa será a mais difícil. Se tentar sair sozinho você tem menos de 5% de chances de sair ileso.

A pressão emocional é muito forte, obrigando você a fazer coisas que nunca se imaginou fazendo. Você acreditava que jamais faria algo assim, mas acabou fazendo e agora, é obrigado a carregar um fardo muito pesado. Talvez muito mais pesado do que pode suportar.

Se tomar a decisão errada agora, sua situação pode piorar ainda mais. Passar por uma situação desse nível é como se você sofresse uma acidente e quebrasse a perna. Os médicos fizeram a operação e disseram pra você que você precisa ficar de repouso por semanas ou meses.

A dor emocional é como se você quebrasse a perna e tivesse que ficar semanas ou meses sentindo dor, porém você é teimoso e quer aliviar a dor com vícios ou quer fugir da dor e tenta andar mesmo com a perna quebrada. Como consequência, sua perna necrosou e você foi obrigado a perde-la.

A decisão que tem que tomar é primeiro lidar com a pressão emocional, não importa o quão ruim ela seja ou o quão intensa. E somente depois tomar decisões ou seja, você não toma decisões quando a pressão emocional é muito forte. Isso porque existe mais de 95% de chances de você não tomar a melhor decisão e assim, acabar piorando tudo. Perdendo amizades, vendo pessoas queridas se afastarem, entre outras coisas.

Quando você cansa de tentar é comum que dê o que nós chamamos de “última chance” ou seja, é um último pedido de ajuda. Eis um exemplo real de uma situação que ocorreu em um das palestras de autoajuda e motivação de Tonny Robbins:

Robbins: oi, qual é o seu nome?
Dawn: Dawn

Robbins: Está checando seu crachá para ver se o seu nome é Dawn ou não?
Dawn: É porque no Brasil me chamam de Sol

Robbins: Sério? Como se diz isso em Inglês?
Dawn: Sun

Robbins: Sun? Por que o sol que quer se matar?

Dawn: Na verdade um sol para as outras pessoas. Mas, ninguém realmente sabe o que há dentro de mim. E quando vim aqui, falei: “não vou mais fingir” (chorando)

Robbins: ótimo. Eu não ia aceitar isso mesmo. Então me conte, o que está acontecendo aí dentro

Dawn: Bem, eu só, estou cansada de sentir tanta dor e aguentá-la por tantos anos.

Robbins: Quantos anos você tem?

Dawn: Vinte e seis

Robbins: Oh, dá um tempo, você pode aguentar mais 30 anos dessa merda (piada, todos riram inclusive a Dawn). Você não é tão fraca assim, não me diga essa besteira. Não quero que aguente, mas daria conta. Não minta pra mim. Vamos falar a verdade. Se me disser o que está acontecendo vamos chegar à verdade. É justo?

Dawn: você quer ouvir?

Robbins: sim, quero ouvir. Conte.

Dawn: eu nasci numa comunidade chamada Meninos de Deus. Não sei se já ouviu falar. Mas ao nascer, não tínhamos a chance de escolher quem queríamos ser. Nós éramos crianças e tínhamos de ser crianças soldados de Deus. E eles acreditavam que o amor de Deus era o sexo. Então todos tinham que dar amor através do sexo. Então todo mundo, desde meus seis anos de idade, para dar amor de Deus você precisava fazer sexo. E você via sua mãe e seus irmãos sendo abusados.

E você cresce já sabendo que não tem uma vida. Você tem que ser um receptáculo do “amor de Deus”, e não pode ter escolhas próprias. Com o passar do tempo, quando eu tinha 12 anos, eu disse: “não aguento mais. Eu acredito que existe amor e não é isto”. Eu ainda não encontrei um exemplo que me faça dizer: “isso é real”.

Então eu tinha uma visão própria de Deus, mesmo tendo crescido com visões de um Deus nojento, um Jesus que queria foder e fazer coisas horríveis com você. Mas eu disse: “Eu acredito em outra coisa mesmo nunca tendo visto”.

Eu venho tentando me construir, mas quando vejo a minha família, estão todos deprimidos, querendo se matar. Meu irmão é um desastre. Minha mãe é um desastre. E eles nunca acreditariam se eu me levantasse: “Ela é suicida? Não pode ser”.

Sou eu que cuido de todo mundo. E eu sempre estou lá, positiva. Tentando fazer de tudo para ajuda-los, e dizer que “tudo vai ficar bem”. Sou eu que sempre arruma soluções na minha família. Mas cheguei a um ponto em que não sei mais o que fazer com tanta dor, e eu não sei. Tenho 26 anos e nunca me relacionei. Não sei o que é o amor.

Uma de minhas amigas disse: “Eu conheço um cara chamado Tony, ele é ótimo” (todos riram pois a amiga estava indicando Tony Robbins).

Robbins: Um milagre. Você é um verdadeiro milagre. Ter passado por tudo isso e estar aqui neste momento. Você é um milagre para todos nesta sala. E de uma coisa que eu sei, no meio de toda essa loucura, da dor, da injustiça, você não tem sentido apenas dor. Você tem experimentado também a dor espiritual. Vai além do que a maioria das pessoas poderia imaginar em suas vidas. Você não merecia nada disso. Mas através disso tudo vem uma força inacreditável.

E você está cansada de ser forte, mas você ainda é. Você vem tentando entender tudo isso. Mas não há sentido em nada disso. E isso a enlouqueceu ainda mais. Mas para haver sentido nisso você vai garantir que isso vai parar em você. E aí o verdadeiro amor começará. E você é feita de amor. Foi por isso que você suportou tudo. Você é a mais pura. Quer saber o que é o amor? O amor chama-se você. Você aguentou toda essa merda com esse amor puro. Puro amor, você é incrível. (Palmas de todos).
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O que Robbins fez é muito simples. Quanto estamos em dor procuramos pessoas que nos entenda e que possa nos ajudar. O que Robbins fez foi demonstrar que a entende e que tem a solução que ela procura. Uma das coisas que acontecem com pessoas que estão nessa situação, assim como eu estive, é:

“Encontrar algo para lutar para que você nunca mais passe por isso e que outra pessoa também não passe por isso”

Se a pessoa se manter próxima a aquilo que causou dor, ela irá ficar ainda pior. No caso, Dawn, deu uma chance para si mesma. Ela disse mais tarde que ela iria dar uma chance para o programa de Tony e se não funcionasse, ela iria tirar a própria vida.
Ao estar em dor você não pode confiar em qualquer um. É preciso escolher as pessoas certas que entendem sua dor e entendem o que precisa ser feito para que supere a situação.

Essa situação não será concertada em alguns minutos ou horas. Irá levar muito tempo e é necessário ter o apoio da família, amigos, e pessoas que se importam. Não conseguir ajuda e muito menos apoio, as chances de não conseguir lidar com a situação corretamente aumenta para mais de 90%.

Escolher as pessoas certas para ajudá-lo a suportar a dor por semanas ou meses do jeito correto, é o que fará com que você supere a dor. A dor nunca irá embora totalmente e de vez em quando ela irá incomodar porém nunca será como é hoje. Não será tão frequente e muito menos tão intenso. O que significa que você conseguirá seguir com sua vida normalmente porém de vez em quando terá o que nós chamamos de “recaídas”.

Recaídas é quando você está indo bem mas acaba passando por um momento de fraqueza e passa pela situação novamente. Tudo isso é normal pois é comum acontecer recaídas pois recaídas fazem parte do processo de recuperação ou de transformação.

Sozinho raramente conseguirá sair da dor da maneira correta. Analisei algumas pessoas por muito tempo, principalmente mulheres que lidarem com a dor sozinhas. Eis algumas decisões mais comuns que elas tomaram:

Ø Pouquíssimas delas, menos de 3% conseguiram vencer a dor corretamente.
Ø Muitas delas começaram a acreditar em religiões e ideologias de forma fanática.
Ø Muitas delas criaram crenças limitantes e passaram a acreditar que todos os homens são iguais e que todos os homens são um problema
Ø Muitas delas pararam de acreditar no amor e em consequência começaram a viver só de sexo casual, viraram prostitutas (ninguém é “dono” de ninguém) ou se isolaram
Ø Muitas delas viraram lésbicas
Ø Muitas delas começaram a trabalhar como sugar baby
Ø Muitas delas mudaram de personalidade. Algumas viraram vitimistas, outras manipuladoras, outras exigentes demais outras boazinhas demais.
Ø Muitas delas passaram a acreditar que o problema era a idade do homem, e começaram a se envolver com homens muito mais velhos
Ø Muitas delas passaram a acreditar que o problema era a personalidade do homem e começaram a se envolver com homens com a personalidade oposta das que conheciam
Ø Muitas delas se tornaram violentas.
Ø Muitas tentaram o suicídio
Ø Muitas começaram um novo vício como cigarro, álcool, sexo ou drogas

Entre outras.

Qual a lição que quero deixar pra vocês?

A lição é que cedo ou tarde você irá passar pela dor ou terá alguém próximo a você passando pela dor intensa. Se você não souber o que fazer, suas chances de tomar as melhores decisões irão cair próximas a zero. Minha dica pra você é não brinque com a dor e nunca se ache o “fodão” ou a “fodana”.

Mesmo que desenvolva a inteligência emocional em seu nível mais elevado, ainda assim iria enfrentar problemas para lidar com o nível mais intenso de pressão emocional.

A diferença entre alguém que tem um alto nível de inteligência emocional para lidar com a pressão emocional é que:

Ø Irá tomar melhores decisões
Ø Sabe que não pode tomar decisões importantes
Ø Sabe que tem que aguentar e esperar o tempo passar. O que é muito difícil.
Ø Buscam ajuda de profissionais e evitam contar o que estão passando para várias pessoas
Ø Não podem descuidar da saúde de forma alguma. Então mesmo que não queiram buscam se alimentar e tomar muita água.
Ø Cuidam da saúde da mente pois sabem que a mente está em um processo do qual precisa ser respeitado e esse processo leva um tempo para ser concluído.
Ø Busca soluções eficientes para diminuir a pressão emocional pois sabem que elas precisam diminuir a pressão emocional.

Entre outras coisas importantes.

A verdade é que a vida não pode ser sempre legal ou justa. A última fase é a aceitação: “ok, passei por isso, isso agora faz parte de mim, é a vida. Vou me concentrar no que posso mudar e irei me focar para não ter que passar por isso novamente. Agora vou cuidar de mim”.

Essa fase da aceitação somente pode existir depois das fases anteriores. Não é possível chegar nessa fase enquanto a pressão emocional não diminuir. Enquanto a pressão emocional for intensa não é possível chegar na última fase que é a aceitação. Depois da aceitação vem a superação, que é o momento onde a pessoa supera a situação e a dor.

Você precisa aceitar aqueles momentos ruins, porque assim que perceber que aqueles momentos ruins são apenas parte da vida como qualquer outra coisa, você será capaz de batalhar novamente. Você será capaz de se levantar e lidar com a sua vida. Conseguirá colocar suas coisas no lugar e voltará a andar nos trilhos, porém dessa vez mais sábio e mais preparado para lidar com a dor caso aconteça outra vez.

Como?

Pergunte-se o “por que?” mas esse é um por que melhor. Esse é o do por que estou fazendo isso? Por que estou fracassando? Por que não estou no controle? Por que estou sequer me colocando nessa situação onde posso fracassar e posso perder tudo o que gosto ou amo? O que posso fazer para sair disso?

A razão é que você tem um sonho e quer realiza-lo. Você tem objetivos e quer alcançar esses objetivos. Você sabe que sua vida é muito mais do que ficar sofrendo ou se lamentando porque algo de ruim aconteceu com você. A verdade é que a resposta é que não importa o porquê aconteceu, tudo o que importa é o que fará a respeito. Cada pessoa tem seu tempo e tem seu processo. Para algumas é rápido para outras é demorado.

Esse é o momento em que pensará consigo mesmo: está bem, pode ser difícil, pode ser doloroso, pode ser estressante, pode não haver nenhuma pessoa que acredita em mim, mas eu acredito em mim mesmo e sei que posso fazer muito mais por mim mesmo.

Em muitos casos perceberá que era pra você ter passado por aquele momento de dor profunda, onde chegou ao fundo do poço. Apenas para descobrir algo ainda melhor, mas a única maneira para chegar naquele ainda melhor, é se levantar e trabalhar. Se levantar e se colocar lá fora novamente.

Abrir a ferida e dizer: “aqui eu estou, pegue. Pegue tudo e faça o seu pior. Estou pronto”.

Agora, você está mais forte, melhor, mais esperto, mais preparado, pronto para agarrar aquela nova oportunidade, pronto para recomeçar, pronto para dar mais uma chance a si mesmo. O mundo está cheio de ótimas oportunidades mas apenas para aqueles que se levantam.

Tenha suas cicatrizes com orgulho, porque a vida vai deixar cicatrizes eventualmente em você. Depende de nós ter certeza de que aquelas cicatrizes valem alguma coisa. Se perdeu alguém que era importante pra você, sua cicatriz e tudo o que passou estão dizendo que “valeu a pena”.

Depende de nós ter certeza de que aquelas cicatrizes nos lembram das experiências, e aquelas experiências são as coisas que criam e dar ainda mais valor à vida.

Caia e depois se levante


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